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Abri muito a Boca. Incrédula.

13.6.06



Se temos ventos de norte, percebo que vou ter de me mudar.
Se temos amena aragem, percebo que vou competir Quietude ao Sol com qualquer um dos gatos da vila.
Se temos tempestade, percebo que me vou abrigar em nostalgia de um tempo que não vivi.
Maldito ascendente que me move ao sabor da Lua e de como ela brinca às marionetes com as Marés. Muito mais do que, em consciência, desejaria.

Abri a cortina e chovia.
Bem! Como chovia!
Fiquei incapaz de reagir.

Sentei-me na beirinha da cama, prostrada no Mar.
E na chuva, e na areia molhada, e no cinza, lilás e verde deste liquidante céu.
E na praia vazia, e nas barracas despidas, e nas bandeiras pesadas, e nas esplanadas recolhidas, e nas madeiras escuras, e lonas ensopadas.

Dois carros estacionados.
A andorinha resmunga-me, enfadada.
Je suis dessolée, ma chère.

Voltei a ter consciência do mundo na Esplanada dos Moinhos
com uma mensagem de telemóvel:
A cegonha vem a caminho.

Senti-me momentaneamente visitada pelo fantasma do passado, do presente e do futuro, como se se condensassem em matéria única. A energia com que me tocaram arrepiou-me o corpo até às extremidades.
.
Uma amiga daquelas que sabemos o que dizemos quando dizemos Uma Amiga tinha alcançado a resolução em que se prometera para 2006. E isto de acompanhar a vida de quem nos está dentro no instante em que ela acontece faz-nos sentir parte conquistada, repartida e abraçada. Maldito canto da boca que te foge para cima e te faz perceber claramente por quem te deixas contagiar.
Sentimento inequívoco de que o mundo afinal tem os seus dias de justiça. Bem como os tem de passos dados no legado histórico da Humanidade: qualquer coisa nossa faz tanto sentido que se renova no imperativo de permanecer. Mais uma vez chego à conclusão que dias assim só por amor trocado entre duas pessoas.

À noite obrigo-me a sair para provas de contacto humano, só para não correr o risco egoísmo de crescer a pensar que sou espécie única.

E eis a razão pela qual na Apúlia, contrariamente a algumas expectativas, não existe espaço para o garantido.


Lá fora continua a chover e a raiar mas cá dentro, no Museu Caffé, esse espaço do Karaoke Só Às Sextas, seis mesas esticam um grupo de franceses com quem já me tinha cruzado pelos Murais do Che.
Enchem o espaço em conversa um tanto ébria necessário, procuram animação, gente e memórias da sua última noite pelo Norte. Falam com toda a gente e pouco depois já se vê brindes e abraços! Não há perna que aqui dentro não marque o ritmo com vontade de dançar.


Claro está: é daquelas que não perco!
Ora em francês, ora em inglês, ora em espanhol, fiz amigos de abraço e ouvi o meu nome a acentuar-se novamente num ‘à’ de língua além fronteiras.
Descontextualização absolutamente necessária, em cenário de férias, esta a de não falar português, a de descobrir pessoas que vivem longe e que olham para tudo isto como eu, como não sendo de cá, como pela primeira vez.
Adoram sempre Portugal. Gostam da qualidade de vida que aqui encontram, gostam da generosidade que a natureza expande pelas terras do nosso país. E falam-me invariavelmente da cor. Da diferença da cor e de luz que encontram entre distâncias tão curtas.

Adoram o meu país quase tanto como eu, que me deixo conquistar por ele todos os dias. E rendem-se a isto, essencialmente a isto, de se poder trocar duas de letra com toda a gente. Deixam-se vestir, ou despir, por este bem estar relacional que os cobre de um sentido esmagador. Como pessoas, sentem que se perfazem em mais sentido.

A vida sempre me pareceu fazer mais sentido quando baseada em conceitos relacionais.Todas as comunidades que conheci têm os seus códigos, as suas condutas. As nossas começam por esta: a do coração na boca. Com o mau e o bom que a nossa impulsividade acarreta, o meu sentimento de eterna estrangeira, é de orgulho dessas nossas francas e limpas qualidades.


Foto do dia? Ao empregado do Bar.
Em conversa perdida pela noite senti-lhe o efeito tubarão-baleia: raríssimos!; os mergulhadores que o procuram podem estar a nadar-lhe ao lado e não o verem, é tão grande que não lhe decifram os limites.
Perguntou-me o que uma mulher, como eu (?), tinha ido para a Apúlia fazer.

Não fui capaz de lhe responder. Não percebi a pergunta.

Recolhi à Varanda do outro lado da rua tarde e a boas horas.
A andorinha murmurou-me em sono qualquer coisa arrastada que não percebi.
Fiquei ali, a proteger a bela adormecida na sua ausência e a pensar atrás da minha vista longa e elevada sobre o mar.
Abençoada ingenuidade em que esses outros estranhos me enquadram! Se existe algum desnível nesta relação, ela está em mim. A mim é que me faltam Sete Palmos de Alma para atingir o teu Calcanhar de Aquiles.
Chovia.
Os raios continuavam a cair.
E eu, naquele momento, não me importei nada!

posted by SCS
junho 13, 2006